Oi pessoal,
Para celebrar o dia internacional do consumidor hoje, trago algumas questões importantes para refletirmos, especialmente neste dia em que milhões de pessoas tiveram problemas de mobilidade para chegarem a seus postos de trabalho em virtude dos inúmeros protestos que pipocaram na capital paulista e a paralisação dos meios de transporte (metrô e ônibus), apesar das determinações judiciais com penalização de multa diária pelo descumprimento.
Há 55 anos o presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy enviou uma mensagem ao Congresso estabelecendo os pontos básicos de proteção aos consumidores com o entendimento de que "Consumidores somos todos nós", e, com isso, a data se tornou um marco na proteção e defesa do consumidor.
Nessa mensagem, foram estabelecidos quatro pontos básicos de garantia aos consumidores*:
1 - direito à segurança ou proteção contra a comercialização
de produtos perigosos à saúde e à vida;
2 - direito à informação, incluindo os
aspectos gerais da propaganda e o da obrigatoriedade do fornecimento de
informações sobre os produtos e sua utilização;
3 - direito à opção, no combate aos
monopólios e oligopólios e na defesa da concorrência e da competitividade como
fatores favoráveis ao consumidor; e
4 - direito a ser ouvido na elaboração
das políticas públicas que sejam de seu interesse.
Desde 15/03/1962 muito se fez pela
preservação dos direitos e garantias dos consumidores, mas ainda temos muito o
que avançar, especialmente no atual contexto social e econômico em que vivemos.
O Prof. Rizzatto Nunes demonstra sua
preocupação com a abertura de mercado de vários países, o incremento da
tecnologia e das comunicações, além de outras possibilidades de distribuição e
logística, pois muitas empresas mudaram seus pólos de produção para locais que
não tinham e outros ainda não têm, tradição de produção de qualidade, ou sequer
de direitos mínimos de humanidade, quanto mais os básicos dos trabalhadores e
consumidores.
Esses grandes conglomerados buscam apenas
e tão somente maiores lucros, pagando menores salários e produzindo bens de
consumo de pior qualidade.
Entretanto, a facilidade dos meios de
comunicação e os diversos canais independentes da grande mídia possibilitam,
talvez pela primeira vez na história, um poder imenso aos consumidores, que
ainda estão aprendendo a utiliza-lo, mas já registramos alguns estragos na
imagem de pessoas físicas e jurídicas, tema para um próximo artigo.
Essa rapidez na informação global e a
consciência mundial do que é o mínimo necessário para a dignidade humana, o
papel da empresa na comunidade e o limite para a ganância, estão trazendo a
tona com maior força a nova expressão: Capitalismo Consciente.
Tal consciência mundial do que deve ser
aceito ou não é estudado pela filosofia moral e, embora sem o
embasamento suficiente dos estudiosos da área, suponho que o método do
"equilíbrio refletido" exposto por John Raws seja adequado para
encontrarmos esse patamar do "mínimo aceitável".
Aceitamos o trabalho infantil? O trabalho escravo?
Embora o termo "Capitalismo Consciente" possa parecer ingênuo ou fictício, o livro com o mesmo nome, de autoria da dupla John Mackey (CEO do Whole Foods Market) e Raj Sisoda (professor da Universidade de Bentley) figurou entre os best sellers dos jornais New York Times e Wall Street Journal em 2013 e está ganhando adeptos no mundo empresarial, tais como Google, South West Airlines, Starbucks e Whole Foods Market, entre outras.
O capitalismo é abordado sob uma nova
perspectiva, pois trata da geração de riqueza, transformação cultural e
inclusão social como jamais ocorreu na história da civilização.
Por outro lado, os autores discorrem
sobre as mazelas do atual modelo, especialmente com a política de curto prazo,
valorização de seus papéis e obtenção de lucro rápido, que comprometem a saúde
dos trabalhadores e fornecedores pressionados pela busca insana de metas
impossíveis.
O conceito de Capitalismo Consciente é
amplo, inteligente e corajoso, pois acredita na força e no poder da sustentabilidade
da política de longo prazo, pautado em 04 pilares fundamentais:
1 – Propósito Maior e Valores
Centrais: são as conhecidas missão, visão e valores da empresa, mas
totalmente alinhados com as ações diárias da empresa para que todos conheçam e
participem ativamente.
2 – Integração dos Stakeholders:
A diretoria executiva e os Conselhos devem estar alinhados e integrados com
toda a cadeia de fornecedores, criando uma cadeia global de colaboração.
3 – Cultura e Gestão Conscientes:
Engajar e motivar os funcionários com valores reais de confiança,
responsabilidade, cuidado, transparência, integridade, lealdade e igualdade
transformando o ambiente opressor por um ambiente saudável.
4 – Liderança Consciente: Os
líderes devem ter visão integrada da empresa, seus empregados e toda a
comunidade que está inserida, inclusive a preocupação ambiental.
Podemos acrescentar que, conforme
descreve Jeremy Rifkin em seu livro “Sociedade
com custo marginal zero” o declínio dos custos marginais está gerando uma
economia híbrida, parte capitalista e parte colaborativa levando ao eclipse do
capitalismo.
No Brasil, podemos citar a empresária Mónica Blatyta, fundadora da agência de publicidade Azza, que vem conquistando o
mercado pautada no Capitalismo Consciente.
Assim sendo, o novo contexto global nos inseriu, irremediavelmente, a um novo paradigma de economia, de relacionamento interpessoal, fundado em diversas conexões e em variados canais de comunicação, tanto pessoal quanto profissional, imprescindível, portanto, que as empresas se redescubram em seus papéis sociais em seus setores da economia para que toda a sociedade seja beneficiada.
Entendo que não há mais espaço para ordens ditatoriais, sem que se ouça a parte contrária, não há mais espaço para gastos e descalabros, não há mais espaço para a falsidade, mentira e contradição, seja no âmbito pessoal, profissional ou político, haja vista as manifestações que vivenciamos nos últimos meses em nosso país.
As instituições que não se mantiverem alinhadas com esses valores e suas reais atitudes, cairão em ruína, cedo ou tarde, pois não sustentarão a longo prazo uma falácia.
Acredito em uma nova Era, mais conectada entre empresas e pessoas e mais coerente e exigente com os valores internos.
Abraços, Sabrina.
Fonte:
*1 - Conforme artigo no Migalhas do Dr. Rizzatto Nunes, 2012.
Crédito da Foto: Rage against the minivan
Crédito da Foto: Rage against the minivan
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