sexta-feira, 31 de julho de 2009

Um pouco sobre a Cultura Árabe: o dabke.



"As tarefas diárias jamais impediram alguém de seguir seus sonhos."
e
" Justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante."
Paulo Coelho



Um pouco de alegria é sempre bom para nos aliviar do stress diário, principalmente quando precisamos descansar e refazer nossas energias para o novo semestre letivo que logo começará, especialmente tendo sido julho, para mim, um mês tão repleto de emoções e preocupações, que, infelizmente, ainda não terminaram, mas a vida é assim...


Portanto, hoje mostrarei um pouco da cultura árabe, que ainda estou aprendendo, assunto que será aos poucos desvendado, em pequenas doses. Assim, hoje escreverei sobre o DABKE, dança típica de homens, confesso que eu tentei aprender, mas não é fácil e depende de muito condicionamento físico, confiram os vídeos e vejam se não tenho razão, ok?


A foto acima mostra a vestimenta tradicional dessa dança tradicional libanesa, muito comum atualmente nos casamentos, em que toda a família e convidados entram na roda para dançar e confraternizar. O primeiro da fila comanda os passos e, evidentemente, dá um show à parte. O dabke é da região de Baalbeck, onde existem inúmeras ruínas de templos romanos.


Origem: Antes que os tetos de telha se instalassem nas casas libanesas, os tetos planos eram feitos de troncos de árvores e cobertos com barro. Com a mudança das estações, e especialmente na chegada do Inverno, o barro rachava e cedia pouco a pouco, precisando ser consertado. *1

O dono da casa chamava seus vizinhos para se juntarem sobre a laje: segurando as mãos e formando uma fila batiam com seus pés sobre o teto de modo a reacomodar o barro. Com o tempo, esse ritual de ajuda mútua se tornou conhecida como Daloonah, uma forma improvisada de se cantar e dançar o dabke.*1


Além disso, instrumentos como o o durbakke, nay e o mijwiz foram incorporados a fim de estimular os homens expostos ao tempo frio a produzir mais energia. Com o passar do tempo, o Dabke se tornou uma das mais famosas tradições do Líbano. *1


Encontrei esse vídeo hoje, que me inspirou na escolha do tema:




Esse vídeo mostra a apresentação de Hayakel e seu grupo folclórico de dança, com a variação da dança utilizando espadas e os instrumentos:




Uma animada festa de casamento que também vale a pena conferir:




E, por último, esse vídeo feito no Brasil, que mistura o dabke com a dança do ventre, a combinação de ambas ficou muito interessante, só podia ter sido feita aqui mesmo...


Espero que tenham gostado do tema, menos denso para a última sexta-feira de julho, para aqueles que estudam, bom retorno às aulas!!!

Abs.


*1 - Fonte: Embaixada do Líbano no Brasil.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Há muito mais por trás da pandemia...

"Neste sentido as respostas vêm sendo formuladas concretamente pelo conjunto das pessoas que ensaiam práticas significativas em todos os lugares e em todas as situações do mundo atual. Portanto, não há um sujeito histórico.
Muitos são os sujeitos destas mudanças.
Elas se orientam por um novo sentido de viver e de atuar.
Por uma nova percepção da realidade e por uma nova experiência do Ser.
Elas emergem de um caminho coletivo que se faz caminhando."

Leonardo Boff



Estamos lendo e ouvindo muito sobre a gripe suína (H1N1), se é tão letal quanto diziam? Talvez não, mas ainda assim, convém tomar cuidado. E, considerando que tantas pessoas com suspeita de estarem com essa gripe, simplesmente são informadas para voltar ao hospital somente se piorarem... Será que quando piorar não poderá ser tarde demais?


De qualquer forma, segue o artigo escrito por 02 membros do Grupo São Paulo publicado originalmente no Boletim Rede, bastante crítico sobre a origem da gripe suína, juntando-se a outras vozes internacionais que já trataram desse assunto, para avaliação e comentários de todos.

Abs.




Tudo começou no final de abril quando, mais uma vez, séria ameaça somou-se a tantas outras que preocupam a humanidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a iminência de risco pandêmico de um novo tipo de doença proveniente de vírus desconhecido, Influenza A (H1N1), similar ao vírus da Gripe Espanhola. Classificou o alerta como de nível 4 e, logo em seguida, reclassificou-o como de nível 5, um abaixo do alerta máximo.


O vírus em questão surgiu no estado de Veracruz, no México, em estabelecimentos agroindustriais ligados às grandes cadeias do agronegócio internacional da suinocultura (Granjas Carroll). O vírus é resultado de recombinação genética inédita de vários tipos de cepas – aviárias, suínas e humanas. Essa recombinação deu-se no organismo dos suínos, bastante propicio para tanto. O fato de ser inédito implica em desconhecimento quanto às suas características – letalidade, capacidade de infecção entre os seres humanos, potencialidade de novas mutações etc.


Outro fator preocupante é que há cinco anos o mundo já se prepara e vive a possibilidade de enfrentar uma pandemia pelo vírus A (H5N1), o da Gripe Aviária, de altíssimo nível de letalidade.


O alerta da OMS significava, portanto, que doença ainda desconhecida estava prestes a atingir a sociedade humana em vários países e continentes. A infecção seria primordialmente pulmonar e transmitida por via oral e por contatos diretos e indiretos entre os seres humanos.

(...)

A partir da manifestação da OMS, passou-se a assistir uma disputa de idéias e interesses nem sempre humanitários e científicos, mas também mesquinhos ou meramente do tipo business is business. Muitos qualificaram a atitude da Organização como alarmista, vinculando-a algumas vezes aos interesses da indústria farmacêutica. Cumpre, todavia, reconhecer, por ciência e por prudência, que a história das epidemias e pandemias justifica o tipo de alerta. Basta destacar alguns dos fatos que fazem parte da memória coletiva da humanidade: século XIV, Peste Negra (atinge toda a Europa e provoca a morte de 1/3 da população); 1918, Gripe Espanhola (primeiros casos detectados em Kansas nos EUA - as estimativas de mortes variam entre 50 e 100 milhões de vítimas); e tantas outras como a Asiática, a Aviária e a SRAS – Síndrome Respiratória Aguda Severa.


Se de um lado justifica-se a atitude da Organização Mundial da Saúde a respeito da magnitude do alerta, por outro causa espécie e desconfiança a mudança do nome da gripe de Porcina ou Suína para o neutro A (H1N1). Esta alteração não é um fato qualquer e precisa ser realçado. A OMS, órgão das Nações Unidas cuja missão é cuidar da saúde mundial cedeu rapidamente aos lobbies das grandes empresas da cadeia da carne suína. Todavia, é evidente que essas poderosas companhias estão entre os responsáveis pelo aparecimento de vírus recombinados com potencial de atingir fortemente a saúde humana.


O depoimento do professor Mike Davis, da Universidade da Califórnia (em Irvine), publicado no jornal Britânico The Guardian e divulgado pelo jornalista Ivan Marsilis (OESP 17/05/2009, pg. J8) esclarece a respeito: "Em 1995, havia nos Estados Unidos 53 milhões de porcos espalhados por mais de 1 milhão de fazendas. Hoje 65 milhões de porcos concentram-se em 65 mil instalações. Isso significou uma transição dos antiquados chiqueiros para gigantescos infernos fecais, com dezenas de milhares de animais amontoados sobre um calor sufocante, com sistemas imunológicos debilitados e prontos a intercambiar agentes patogênicos à velocidade de um raio". O professor Mike reagia à tentativa da indústria de desvincular-se do problema.


Tão logo veio a público a origem genética e o local em que surgiu o vírus, começaram a circular denúncias sobre as características da produção local praticada pelas Granjas Caroll, ligadas à poderosa norte-americana Smithfields Foods, tida como a maior empresa criadora e processadora de carne de suínos do mundo.

O periódico La Jornada (06/05/2009), em matéria de Alejandro Nadal - ‘Influenza A/H1N1: la punta del iceberg’ - afirma que "nessa indústria o processo de produção começa com o emprego massivo de métodos de inseminação artificial. Esta prática empobrece a variabilidade genética dos animais. Para mantê-los vivos em confinamento são necessárias quantidades massivas de antibióticos e vitaminas. Em alguns criatórios de suínos se administram fortes doses de estimulantes que desencadeiam um apetite voraz para que os animais ganhem peso rapidamente. Isto se complementa com doses massivas de hormônios para rápido crescimento."



Diz mais: "a concentração de dezenas de milhares de porcos em espaços reduzidos impõem o intercâmbio de vírus entre animais. Este tráfico abre as portas a mutações rápidas e ao surgimento de mutações patogênicas cada vez mais resistentes". Dentre as consequências do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA: North American Free Trade Agreement), destaca-se a proliferação das grandes empresas avícolas e suínas em território mexicano.


É importante recordar que os dois últimos surtos infecciosos graves que alarmaram o mundo – a SARS, em 2003 e a gripe aviária, de 2005 – têm origem relacionada ao contato do homem com granjas e plantas industriais do tipo aqui descrito.




Há muito mais por trás da pandemia: interesses da indústria farmacêutica, privatização do saber médico, resistência à quebra de patentes, qualidade dos sistemas de vigilância epidemiológica, infra-estrutura de atendimento, distribuição desigual dos benefícios das políticas de saúde entre países e pessoas. O agribusiness internacional faz parte desse cenário.





José Juliano de Carvalho Filho e Marietta Sampaio são membros do Grupo de São Paulo, um grupo de 12 pessoas que se revezam na redação e revisão coletiva dos artigos de análise de Contexto Internacional do Boletim Rede, editado pelo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, de Petrópolis, RJ.


* http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3535/9/

sábado, 18 de julho de 2009

O sentido da vida: amor, família, amigos.

O sentido da vida
"Não sei... se a vida é curta ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve,
palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira, pura...enquanto durar...."

Cora Coralina



Todo ser humano, em algum momento da vida, fará perguntas como: "O que é a vida?", "Para onde vamos?", "Quem somos, afinal?", "Qual nosso papel nesse mundo?", sempre brinquei com os alunos dizendo que algumas dessas perguntas são feitas apenas nos dias de aniversário e de Ano Novo, afinal, são datas que enfatizam esse questionamento.


Particularmente, sou adepta dessas questões filosóficas pois ajudam a nos direcionar, a focar nossos objetivos, rever as metas para alcançarmos nossos tão almejados sonhos... especialmente porque sonhamos alto e frequentemente somos assolados por obstáculos que, se não tivermos determinação, podem transformar nossos sonhos em pó ou melhor, tristes lembranças...


No campo profissional, inúmeras reportagens de revistas como "Seu sucesso", "Você S.A", e outras do gênero, já trataram desse assunto como imprescindível ao bom profissional, pois a frustração é muito perigosa se for encarada como derrota pessoal. E, por falar em revistas, esse mês, a "Bons Fluidos" traz uma matéria que trata um pouco desse tema no artigo "Roda da Vida", que explica como auxiliar no conhecimento de todos os papéis sociais que exercemos e nosso grau de satisfação em cada um deles para nos orientar na tomada de novas decisões.



A revista britânica Journal of Humanistic Psychology publicou, em julho de 2003, um relatório de um grupo de psicólogos, dirigidos por Richard Kinnier, da Universidade do Arizona (EUA), que se dedicou a analisar as palavras de 200 pensadores, do escritor Oscar Wilde ao imperador Napoleão, sobre o sentido da vida. *1


Em primeiro lugar ficou o que 17% dos analisados pensavam sobre esse tema: "é preciso desfrutar a vida enquanto for possível", entre eles, personalidades tão díspares como o ex-presidente norte-americano Thomas Jefferson e a cantora Janis Joplin. *1


A segunda opção de resposta que mais apareceu nas análises feitas e é também a escolhida pelo líder pacifista indiano Mahatma Gandhi, que afirmava: "Encontro meu consolo e minha felicidade me colocando a serviço de todas as vidas". Assim como outros pensadores, como o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau e o físico Albert Einstein, autor da teoria da relatividade, que achavam que o sentido da vida é "amar, ajudar e prestar serviços aos demais". *1


Entretanto, a perda de um ente querido ou a iminência de perdê-lo, também nos remete a esse questionamento, na verdade não apenas no campo filosófico, mas também religioso. E, por vivenciar isso na semana passada, lembrei de um livro do Augusto Cury que li e a seguir transcrevo um trecho:


"A morte física faz parte do ciclo natural da vida, mas a morte da consciência humana é inaceitável. (...) para o ser humano pensante, a morte estanca o show da vida, produzindo a mais grave crise existencial de sua história. (...) Por que em todas as sociedades, mesmo nas mais primitivas, os homens criaram religiões? "*2


E continua a escrever sobre a personalidade e os atos de Jesus Cristo "Ao afirmar que era o caminho, a verdade e a vida, ele foi profundamente pertubador (...) Proclamava possuir uma vida infinita, mas, ao mesmo tempo, tinha imenso prazer em ter amigos finitos. (...) Cristo desejava que o ser humano fosse alegre, plenamente satisfeito e que vivesse uma vida interminável, infinita, sem limite de tempo. Sua proposta, embora muitíssimo atraente, deixa a ciência perplexa. Amar ou rejeitar tal proposta é um assunto íntimo, pessoal, que não depende da ciência." *2


E, ao pensar sobre a vida, torna-se indispensável pensar sobre a vida que temos, já tratamos disso um pouco, nossa atual sociedade de consumo, assim como nas advertências que recebemos de autores como Bauman, Leornardo Boff, Boaventura Santos, Nestor Canclini... O que eles escrevem e como enfocam o assunto pode ser diferente, mas convergem para a mesma conclusão: a convivência harmônica em sociedade.


LeonardoBoff conclui que "Dessa vez, nesta nova fase da história humana planetária, ou aprendemos a conviver, a respeitar uns e outros e a tolerar o que nos parece inaceitável ou então enfrentaremos dilacerações e conflitos como jamais antes. Só que agora todos serão vítimas, dada a interdependência de todos com todos. Vítima será também a Terra como Gaia, superorganismo vivo, cuja vulnerabilidade exige especial cuidado de todos. O efeito final dessas virtudes, vividas articuladamente, é a paz."*3 Para ele as virtudes são: convivência, respeito e tolerância.


O Carlos Barth escreveu sobre esses temas no blog e vale a pena conferir (mas ainda não sei fazer o link para direcionar para lá... ops.... sorry... se vc mesmo puder dar a dica...)


E, ainda sobre o livro de Cury, quando se refere a Jesus como mestre, para concluir sobre as funções da inteligência: "O pensamento do mestre vira de cabeça para baixo os paradigmas do mundo moderno. Nele não há espaço para a competição predatória. No seu projeto, o individualismo é uma atitude pouco inteligente. (...) Entre seus princípios fundamentais estão aprender a cooperar mutuamente e aprender a se doar sem esperar retorno. O capitalismo se alimenta da competição. (...) Todavia, quando é predatória, torna-se desumana e destrutiva. A competição predatória anula os valores altruístas da inteligência, anula a humanidade dos competidores." *2

Encontrei dois vídeos muito interessantes sobre esse tema, e, se tiverem tempo, vale a pena conferir: O primeiro apresenta o livro do Bauman: http://videolog.uol.com.br/video.php?id=135893

(não consegui postar esse vídeo do Bauman, sorry.....)

Esse eu também gostei bastante e compartilho com vocês:




Aproveitando que dia 20/07 é o dia do Amigo, essa é minha homenagem: Amo todos vcs, os da família, ao amigo que é meu marido, os que estão perto e os que estão longe, os amigos com que trabalho, os que converso sempre e os que estou morrendo de saudades, os de ontem, de hoje e os de sempre... , e, especialmente minha irmã caçula, que escapou, novamente (ela nos dá esse tipo de susto desde que tinha 7 meses e teve infecção hospitalar), e continua ao nosso lado, mesmo que estejamos, todos, marcados para sempre pela rápida passagem do pequenino príncipe em nossas vidas ...
Um grande abraço a todos que fazem com que a vida tenha sentido!!!
E assim, lendo Cora Coralina, independentemente de ter fé ou não, de ter essa ou aquela religião, o que realmente dá sentido às nossas vidas, são as pessoas, sejam família, amigos, cônjuges, ou simplesmente humanos, a quem devemos respeitar, conviver e aprender a tolerar, ou seja, poderemos associar os ensinamentos dos primeiro e segundo colocados na pesquisa britânica, o que acham?


Abs a todos.



PS: Obrigada ao Nicholas que me ensinou a postar um vídeo, quer dizer, espero que dê certo... rs


*2 - livro "O mestre dos mestres - Jesus, o maior educador da história"
*3 - livro "Virtudes para um outro mundo possível - convivência, respeito e tolerância - vol. II"

sábado, 4 de julho de 2009

Penhora on-line, Precatórios, PEC 12/06 e outras reflexões.

Tanto o homem que infringe a lei como o homem ganancioso e ímprobo são considerados injustos, de tal modo que tanto aquele que cumpre a lei como o homem honesto obviamente são justos. O justo, portanto, é aquele que cumpre e respeita a lei e é probo, e o injusto é o homem sem lei e ímprobo.
Aristóteles
(Ética a Nicômaco)

As empresas precisam sempre estar atentas ao que ocorre com a economia local, nacional e internacional, especialmente em relação a disponibilidade de crédito para que haja consumo contínuo de seus produtos e serviços. Entretanto, é imprescindível analisar a capacidade de endividamento do consumidor, para que a alegria da venda em um mês não se transforme na inadimplência do mês seguinte...

Essa temática é tão importante para o setor empresarial que foi abordado no Seminário "Perspectivas da economia para 2009" na Associação Comercial de São Paulo, evento que ocorreu no dia 19/05/09.
Essa preocupação também apareceu em outro evento "Comércio Eletrônico para Micro e Pequena Empresa", promovido pela Camara-e.net e Associação Comercial de São Paulo, no Painel II que tratou sobre os meios de pagamento: cartão de crédito, pagamento on-line e gestão de risco.

Uma das palestras de maior sucesso foi justamente a que tratou da análise de crédito e de como perceber um estelionatário nas transações realizadas por telefone, outro tema que gerou repercussão foi a questão da segurança nas vendas realizadas on-line, uma vedete do mundo virtual.

Os empresários do mundo todo recorrem a advogados para elaborarem contratos em que de um lado estará a empresa como credora e do outro o consumidor como devedor. De maneira simplificada, podemos dizer que esta é a base da teoria contratual.

Assim, a partir da assinatura desse contrato, o devedor se obriga ao cumprimento do que estabeleceram, ou seja, o não pagamento significa que se tornou inadimplente e poderá ser executado judicialmente para que pague o que é devido.
Além disso, o nome do consumidor será cadastrado na lista de restrição ao crédito. Cabe salientar que esse cadastro é útil e necessário para que o analista de crédito possa autorizar ou não uma nova compra para aquele consumidor sem arriscar a saúde financeira da empresa.
Evidentemente que as empresas devem seguir regras para a inserção nas listas de restrição ao crédito (SPC/Serasa), sob pena de ferir a dignidade da pessoa humana, mas, a existência dessas listas é considerada legal pelo Poder Judiciário para proteger o setor empresarial.

Salienta-se que a inadimplência também ocorre nos contratos pactuados entre empresas e também com o Governo. Seja qual for o caso, o Poder Judiciário é aquele que recebe o processo com todos os documentos das partes (credores e devedores), analisa e julga, e, ao decidir sobre o valor devido, poderá executar esse pagamento através da penhora on-line, um sistema rápido que permite ao juiz se conectar com o Banco Central e bloquear as contas do devedor no montante da dívida.

Em 05/05/09 o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a penhora on-line de dinheiro de uma empresa por meio do sistema Bacen Jud. Para os ministros da Segunda Turma, havendo dinheiro, é sobre ele que prioritariamente deve incidir a penhora.
O ministro Herman Benjamin, relator do caso, ressaltou que a efetivação da penhora em dinheiro, preferencialmente por meio eletrônico, foi autorizada na redação do artigo 655-A do novo CPC, e representa “mudança nos paradigmas culturais do processo de execução”. Para ele, as reformas das leis tiveram o objetivo de dar mais rapidez e eficácia às decisões judiciais. *1

Podemos afirmar que as penhoras on-line estão sendo praticadas diariamente, em todas áreas do direito: trabalhista, cível, previdenciário, mas, especialmente, nas execuções fiscais em que o Governo é o credor.

Contudo, quando a relação contratual foi estabelecida entre uma empresa e o governo (leia-se Poder Executivo), e ocorre inadimplência do ente estatal, a lei estabelece um outro procedimento para o pagamento, os denominados "precatórios".
A atual legislação está melhor do que era, pois antes pagava-se quando queria, atualmente o credor requer o pagamento até o dia 1º de julho para o juiz, e ele determina que esse pagamento seja efetuado no orçamento seguinte (ou seja, no ano seguinte).

Para ilustrar a melhoria da lei atual: Em 1985 o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, amparado na atual legislação, determinou o pagamento de 1.850 precatórios da Prefeitura de São Paulo (que aguardavam o pagamento há muitos anos).

Da forma como está, a atual legislação acarreta um processo de execução demorado contra a Administração Pública, mas de qualquer forma está funcionando, e os credores estão recebendo os valores devidos.

Convém observarmos a PEC 12/06 proposta pelo Senador Renan Calheiros (PMDB/AL), que se trata de uma proposta de Emenda Constitucional para alterar o pagamento dos precatórios. É interessante observar que todas as entidades sociais, sindicais e de categoria de classe (incluindo advogados, juízes e promotores) se posicionaram contrariamente a esta emenda, por outro lado, todos os prefeitos e governadores se posicionaram favoravelmente.
A PEC 12/06 cria o leilão reverso, ou como alguns chamam "o calote do Governo". Se aprovada, quem oferecer mais descontos vai receber mais cedo os seus créditos alimentares. "A medida é uma afronta à Constituição, à Justiça e aos mais elementares princípios democráticos", afirma Antônio Roberto Sandoval Filho, que é advogado de credores e titular da Comissão de Precatórios da OAB/SP. * 2

Segundo as estatísticas até então levantadas, caso a PEC 12/06 seja aprovada, alguns municípios levarão dezenas de anos para quitar o pagamento do estoque atual de precatórios. O estado do Espírito Santo levaria precisos 140 anos para saldar as dívidas atuais perante os respectivos credores. *3

Desta forma, é evidente que a PEC 12/06 viola disposições constitucionais pétreas (direito adquirido, coisa julgada e o ato jurídico perfeito), garantias previstas na Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXVI.

A PEC 12/06 foi votada e aprovada no Senado, sendo que dos 81 senadores que nos representam, na votação em 1ª turno, estavam 56 presentes de todos os partidos políticos, dos quais 54 foram favoráveis e 01 abstenção (Senadora Marina Lima), e 01 voto do presidente da mesa; na votação em 2ª turno a situação não alterou muito: estavam 60 presentes, dos quais 58 disseram SIM, 01 abstenção e 01 voto do presidente da mesa.

Em 14/04/09 a referida PEC 12/06 foi encaminhada para a Câmara dos Deputados, e recebeu uma nova numeração: 351/2009 e desde o dia 12/05 está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), onde foi solicitada Audiência Pública para ouvir a sociedade (NÓS), para elaborarem um parecer e encaminharem para votação.

Pensemos a respeito:
a) Quando o Poder Executivo atua como credor, ele se favorece com as leis elaboradas pelo Poder Legislativo que aceleram o pagamento dos inadimplentes, especialmente com a penhora on-line,
b) Contudo, quando o Poder Executivo é o devedor, nossos representantes do Legislativo pretendem aprovar a alteração da Constituição Federal (infringindo cláusulas pétreas - que dizem ser inalteráveis?) para possibilitar e legalizar o calote por tempo indeterminado?
c) A concepção do direito deverá ser alterada? Afinal, teremos o credor e o devedor, mas o Governo será uma figura ambígua, que, se for credor, receberá rapidamente, mas, se for devedor, pagará quanto e quando quiser...

Para mim, não parece justo.

Para quem tiver interesse em exercer sua cidadania - Fale com o Deputado: http://www2.camara.gov.br/internet/popular/falecomdeputado.html/

Com tanta controvérsia, qual sua opinião?
Abs.


* 1 - STJ
* 2 -
http://www.diap.org.br/index.php/agencia-diap/8403-precatorios-pec-12-e-qlicenca-para-gastarq-diz-sandoval-filho-da-oabsp
* 3 -
http://www.conjur.com.br/2009-abr-26/aprovada-pec-12-aumentou-inseguranca-juridica-brasil